19 de março de 2015

ABRACAM PROMOVE PALESTRA PARA VEREADORES DE CABO FRIO

Representantes da Associação Brasileira de Câmaras Municipais (Abracam) estiveram hoje de manhã na Câmara Municipal de Cabo Frio promovendo palestra sobre a reforma política. A visita atendeu a um convite feito pelo vereador Emanoel Fernandes (PROS), que sempre participa, em Brasília, dos seminários realizados pela entidade. Luiz Henrique Kirchner, cientista político e diretor nacional de planejamento da Abracam, foi quem comandou a palestra, que contou com a presença dos vereadores Emanoel Fernandes, Ricardo Martins, Frederico de Araújo, João Gomes, Braz Benedito Arcanjo, Rodolfo Aguiar, Luis Geraldo Simas, Celso Campista, Paulo Henrique Corrêa e Adriano Guilherme, do procurador da Casa Legislativa, advogado Luis Flávio Marques Lima, além do assessor jurídico da Abracam e vereador em Resende, João Paulo Peres, da secretária executiva estadual da Abracam, Cheila Magalhães,  entre outros representantes da política local. A palestra aconteceu logo após da sessão legislativa.
- Como costumo participar dos seminários promovidos pela Abracam, sabia que eles estariam cumprindo agenda no interior do Estado, então fiz o convite para que viessem a Cabo Frio para nos atualizar sobre os andamentos da reforma política, tendo em vista que falta pouco mais de um ano para a próxima eleição e ainda não sabemos qual será o cenário para os partidos, e muito menos para os candidatos – explicou Emanoel.
Luiz Henrique iniciou a palestra lembrando que hoje existem 57.377 vereadores em todo o Brasil, mas são 513 deputados que estão definindo o futuro da próxima eleição municipal.
- Embora o assunto seja importante, não existe, ainda, nenhum consenso sobre as mudanças propostas. O voto distrital é um assunto que ainda divide muitas opiniões no Congresso, assim como o que chamamos de “mandato tampão”, que seria uma mudança no tempo de mandato dos vereadores e dos prefeitos para que as eleições municipais aconteçam junto com as eleições estaduais e nacionais. Há quem defenda que o próximo mandato seja de apenas dois anos, com uma eleição unificada já em 2018, e há quem defenda que o próximo mandato seja de seis anos, transferindo a eleição unificada para 2022. Particularmente, a Abracam é contra o mandato tampão de dois anos porque não dá aos partidos tempo para se organizarem para a próxima eleição. Defendemos que, se houver o mandato tampão, que ele seja de seis anos. Mas, o mais importante, é que os vereadores participem dessa discussão. Por isso, nos dias 5, 6 e 7 de maio, estaremos realizando a 3ª Mobilização Nacional de Vereadores, e contamos com a participação dos vereadores de Cabo Frio – convidou Luiz Henrique.
Outro assunto que vem causando preocupação aos partidos políticos é o fato de não estar definida, ainda, a questão das coligações para a próxima eleição.
- Pela regra atual o prazo final para filiação de candidatos termina um ano antes da eleição. E faltando sete meses para esse prazo, ainda não sabemos o que fazer, se trabalhamos a nominata ou não, se faremos novas filiações ou não. É uma situação que nos preocupa – argumentou Emanoel Fernandes, presidente do PROS em Cabo Frio. Sobre o assunto Luiz Henrique explicou que há uma discussão no Congresso para reduzir este prazo de um ano para seis meses para que os deputados ganhem mais tempo para discutir a reforma política. Mas, assim como as outras questões, ele afirmou que “também não existe qualquer consenso sobre o fim ou não das coligações”.
O cientista político também defendeu, durante a palestra, que haja maior aproximação entre as Câmaras e o Congresso Nacional, para que mais investimentos federais possam chegar, principalmente, às cidades do interior.
- O vereador é, hoje, a pessoa que está mais próxima da população, mais até do que o próprio prefeito, porque é o vereador que a população procura para tudo. Embora as pessoas tenham uma visão errada do trabalho do vereador, que é a visão do clientelismo, é ele quem recebe a primeira demanda de todos os bairros. Por isso ele precisa ter um contato mais estreito com o Congresso, em Brasília. E para facilitar esse trabalho, a Abracam criou um espaço do vereador na Câmara dos Deputados, com uma assessora colaborando para essa aproximação, estreitando a relação entre as partes – explicou Luiz Henrique.
O representante da Abracam lembrou, ainda, que outro projeto da entidade é conhecer, melhor, o funcionamento das Câmaras Municipais de todo o país para profissionalizar o trabalho dos vereadores. Após assistir a sessão legislativa de Cabo Frio, ele anunciou que teve “uma grata surpresa ao notar que aqui, ao contrário da maioria das Câmaras do país, os discursos são voltados para o benefício da população”. E lembrou que o projeto da entidade consiste na realização de uma pesquisa, onde um coletor de informações será enviado às Câmaras para entender como cada uma funciona, e saber onde cada uma deve melhorar.
- Estamos começando a fazer este trabalho de criar um modelo de gestão mais eficiente nas Câmaras, profissionalizando o trabalho dos vereadores e aproximando a população das casas legislativas municipais. Para isso as Câmaras precisam ter governabilidade, os vereadores precisam ter uma equipe técnica e ferramentas de trabalho atualizadas, como a Lei Orgânica Municipal e o Regulamento Interno da Casa. Principalmente porque a interação com as redes sociais está crescendo de forma absurda, e os vereadores precisam saber utilizar essa ferramenta para estar mais perto da população, provocando nela uma participação mais consciente e cada vez menos clientelista, já que, infelizmente, essa mudança não vai acontecer de forma natural.


Orçamento impositivo para os vereadores

Durante a palestra, o vereador Emanoel Fernandes iniciou uma discussão sobre a proposta de orçamento impositivo para as Câmaras Municipais, assunto que acaba de passar pelo Congresso, obrigando o Executivo Federal a liberar até 1,2% da receita corrente líquida do ano anterior para emendas parlamentares, sendo que 50% deste total devem ir para a saúde. O vereador cabo-friense defende que as Câmaras Municipais também tenham o poder de determinar onde parte do orçamento municipal deve ser empregado.
- Infelizmente nós, vereadores, ficamos presos à vontade do Executivo em atender ou não as indicações e requerimentos que apresentamos na Câmara. Mas, se pudéssemos ter um orçamento impositivo, a situação seria diferente, e muitas indicações já teriam sido atendidas beneficiando a população – desabafou Emanoel.
O diretor nacional de planejamento da Abracam, Luiz Henrique Kirchner, explicou que a proposta de orçamento impositivo para as Câmaras também pode ser uma realidade.
- Atualmente apenas uma Câmara Municipal já trabalha com esse tipo de orçamento, que é a Câmara de Montes Claros, em Minas Gerais. E esse processo passa pela mudança da LDO do município. Com o orçamento impositivo, o Executivo é obrigado a executar a indicação ou o requerimento, sob pena de cometer crime fiscal – esclareceu Luiz Henrique.






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